Somos protagonistas da paisagem, que é sempre uma representação única para cada um de nós. Por isso ela pode ser tão sublime quanto terrível, tão desolada quanto tranquila, impressionante ou monótona. Desaparecidos de vez os territórios selvagens e inexplorados do passado, sucedem-se agora as áreas desflorestadas, preenchidas com culturas intensivas, as manchas irregulares da urbanização, as estradas que se prolongam, alargam e multiplicam. Como as paisagens industriais, os parques de diversões, os subterrâneos por onde a vida humana continua, os campos de batalha. Somos aí actores e espectadores, voyeurs da nossa própria existência. Filmamo-nos e fotografamo-nos apenas para não nos perdermos no labirinto que nos serve de consolo.