Louvor da aceitação

António Vieira, lisboeta e baiano, jesuíta por via do «estalo» (palavra sua) que sofreu aos 15 anos de idade, colocava a rigorosa e imutável planificação dos destinos, determinada pela Providência que d’Ele emanava, muito acima de qualquer possibilidade de refutação. Nada de particularmente notável para o seu mundo de fés temidas e inquebrantáveis, como para um homem com as funções que foi exercendo ao longo da vida. Fazia-o porém, como é público, com uma peculiar desenvoltura. Ei-lo no ano de 1654, em plena forma, durante o Sermão de Santo António que pregou no convento nordestino das Mercês, sito em S. Luís do Maranhão: «Dizei-me, voadores, não vos fez Deus para peixes? Pois porque vos meteis a ser aves? O mar fê-lo Deus para vós, e o ar para elas. Contentai-vos com o mar e com nadar, e não queirais voar, pois sois peixes.»

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