Escreveu Eça, na Correspondência de Fradique Mendes, que o diletante «corre entre as ideias e os factos como as borboletas correm entre as flores, para pousar, retomar logo o voo estouvado, encontrando nessa fugidia mutabilidade o deleite supremo». No mundo em busca de explicações plausíveis, atribui-se-lhe sempre uma etiqueta de má-nota. O Houaiss diz mesmo que ele exprime uma «atitude imatura, de amador, em relação a normas de ordem intelectual ou espiritual». Mas se o diletante, como a borboleta, pousa aqui e acolá de forma aparentemente gratuita, é porque procura alguma coisa. E achando-a, nunca a rejeita. Conhece por isso mais coisas, e escolhe melhor aquelas que deseja.