[Figuras Exemplares] Os bons piratas

O pirata menos bem sucedido da história terá sido provavelmente Edward England, cujas repetidas atitudes de generosidade no sentido de poupar as vidas dos prisioneiros fez com que os seus próprios homens se revoltassem contra ele e o abandonassem numa ilha deserta. Mas é possível encontrar vestígios de outros «bons piratas», como é o caso do singular capitão Mission, marinheiro libertário que no tempo de Luís XIV comandou o navio La Victoire. Gilles Lapouge, considera a vida naquele barco como «um comício ininterrupto» e Larry Law descreve alguns dos seus costumes. Assim, se capturavam negros, os seus tripulantes não só tinham de os libertar como eram forçados a ouvir um longo discurso sobre a igualdade das raças. Se por azar matavam em combate o capitão de um navio inglês, guardavam-lhe o corpo até chegarem a terra e enterravam-no com um piedoso sermão sobre a não violência. Quando os marinheiros se embebedavam, Mission fazia-lhes sempre uma prédica sobre as virtudes da temperança. E, para cúmulo da desonra pirata, terá substituído a bandeira negra por um pavilhão branco com a inscrição «Deus e Liberdade». O capitão Johnson tê-lo-á incorporado na lenda com a sua História Geral dos Piratas, durante muito tempo atribuída a Daniel Defoe, e de que a Cavalo de Ferro editou já o 1º volume (de Mission falar-se-á apenas no 2º). Uma leitura apropriada para este tempo de mar e praia.

Mais dados sobre estas nobres pessoas e sobre muitos dos seus correligionários de sentimentos menos maleáveis no excelente O Grande Livro da Pirataria e do Corso, de Luís R. Guerreiro.

    História.