O amor em fascículos (4)

o verdadeiro libertino
O século de Setecentos descobre o amor libertino (do latin libertinus, liberto). Em Les Liaisons Dangereuses (1782), de Choderlos de Laclos, o visconde de Valmont e a marquesa de Merteuil, os dois personagens centrais, haviam sido amantes. Após a separação, permanem cúmplices e rivais, divertindo-se a contarem ao outro as aventuras de alcova, dando-se conselhos, sugerindo-se conquistas. Aqui, os «grandes sentimentos» cedem o lugar aos jogos do poder pessoal, às estratégias de sedução, à centralidade e à fugacidade da volúpia. O fictício Don Juan, como o vero Casanova, são as figuras arquetípicas desta forma de amor que se não detém na contemplação ou na entrega incondicional. Fruindo as suas obsessões num jogo do qual detêm, na perfeição, os códigos e as argúcias. Permanecendo como modelos de uma sensualidade extrema e teatral, que se crê sem entraves e que, no limite, não reconhece o afecto ou mesmo o crime.

    Devaneios.