Um estudo sobre a identidade nacional, desenvolvido no âmbito da actividade do Instituto de Ciências Sociais, revela que a História e o futebol constituem os dois maiores motivos de orgulho dos portugueses. Sobre o futebol pouco me espanto e nada me admiro, dada a carência de experiências contemporâneas de relevância no confronto público com outros países mais desenvolvidos. Figo e Cristiano Ronaldo são embaixadores seguros da nossa existência, ao passo que Durão Barroso se mostra apenas um vice-cônsul expedito e os Madredeus perderam o pio. O destaque da História terá, aliás, idêntica motivação, convocando os pergaminhos, herdados do salazarismo, da nossa vivência comum de fidalgos arruinados. Pobrezinhos, sim, mas invejados pelos outros. Por mim, preferia não ser invejado e viver bem, como acontece com a maior parte dos suecos, dos islandeses e dos japoneses, que relativizam a História e não stressam com os resultados do futebol. Mas julgo que estarei mais próximo da minoria dos inquiridos.
Pobrezinhos mas invejados
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