Parte significativa da música popular dos EUA oferece-nos aproximações a universos incompatíveis com os valores individualistas e conservadores que parecem omnipresentes no quotidiano do cidadão americano comum. Raramente panfletárias, elas indiciam uma diversidade que parece sempre conter indícios de mudança. Dois álbuns magníficos, acabados de sair, permitem-nos observar, ouvindo, esse lado minoritário, habitualmente desconsiderado, ou suavizado, pelos grandes media. My Name is Buddy, de Ry Cooder, conta uma viagem de ida e volta, no tempo e no espaço, até às origens da contemporaneidade americana, aqui situadas nos anos da Grande Depressão: «the days of labor, big bosses, farm failures, strikes, company cops, sundown towns, hobos, and trains». Já Laura Viers, fala-nos, em Saltbreakers, das suas preocupações com o agravamento dos problemas ambientais e perante a cegueira política com a qual todos os dias vai deparando no seu «país inconsciente». Um par de caixas-de-óculos recomendáveis e música da boa.