«Aqui É o Paraíso! foi a frase mais ouvida, durante toda a sua infância, pelo pequeno Hyok (…). A rádio, os altifalantes nas ruas, os próprios professores, repetem-na à saciedade: fora da Coreia do Norte, a vida é um inferno; mas lá, graças ao Grande Líder cujo culto é obrigatório, tudo corre da melhor forma.»
Os visitantes ocidentais mais honestos e descomprometidos têm mencionado o cenário catastrófico e a brutal repressão que se encontram instalados naquele lado do planeta. Os raríssimos testemunhos que nos chegam daqueles que conseguiram fugir e descobrir que, afinal, existia vida para além do silêncio, da servidão e do universo concentracionário, têm relatado, anos após uma custosa aprendizagem dos rudimentos da liberdade, o processo de formatação integral dos cidadãos norte-coreanos. É um testemunho desta natureza que surge em «Aqui É o Paraíso!». Uma infância na Coreia do Norte (Ulisseia), revelado pelo escritor e jornalista Philippe Grangereau a partir das conversas tidas em Seul com o jovem Hyok Kang. Que carrega consigo um factor suplementar de sofrimento: quando o convidam para ir a escolas falar sobre a sua experiência às crianças sul-coreanas, elas não acreditam nele.