Existe um «lado negro da Internet» que passa principalmente pelos blogues. Nele sobrepõe-se a voz do mais forte (aquele que sabe produzir engodos, que dispõe de tempo e de estrutura para investir na agressividade). Não se trata apenas de caminhar por subúrbios perigosos pisando ou atravessando a fronteira do delito (o terrorismo, a pornografia, o extremismo político e religioso, a economia paralela, a fraude), mas de comunicar sem um código ético perceptível. Aqui a utilização do anonimato (não do pseudónimo consistente), associada à utilização parasitária das caixas de comentários, favorece o insulto, a calúnia, a provocação, a instalação da dúvida em relação à fala do outro. Quando alimentado, este ambiente torna-se insuportável, empurrando leitores e criadores para diferentes destinos.
[De um conjunto de doze posts usados durante uma conversa sobre blogues que teve lugar na livraria Almedina-Estádio, Coimbra]