O Irmão Líder e os kamikazes

Posso andar distraído, mas não tenho encontrado comentários sobre os inenarráveis anúncios pagos que o presidente líbio tem feito publicar em jornais portugueses. Anúncios de página inteira, nos quais surgem frases – obviamente imunes ao livro de estilos – como «a análise intelectual é o código dos acontecimentos…» (as reticências fazem parte), «Kadhafy fala todas as portas são válidas para o conhecimento», «o perigo das armas metralhadoras contra os seres humanos baseia-se no uso exagerado na morte colectiva» ou «pela piedade há necessidade de apoiar o meu apelo para anular as armas metralhadoras exceptuando outras armas convencionais», entre muitas outras de idêntico recorte literário. Remetendo todo este arrazoado para a consulta do site www.algathafi.org, da suposta responsabilidade do «irmão líder» que foi recebido ontem aos gritos de «viva a revolução popular!». O mesmo que deu hoje, pasmem-se a orbe e as gentes, um seminário organizado pelo Centro de História da Universidade de Lisboa e subordinado ao tema Problemas da Sociedade Contemporânea, onde recordou sabiamente que «meia dúzia de pessoas decidem o futuro do mundo e depois uns reagem com palavras, outros com explosivos e outros com kamikazes». Para memória futura rezam as crónicas que foi «largamente aplaudido à chegada e à saída».

    Atualidade.