O meu último post de 2007 era previsível e contém, digamos, uma espécie de declaração de derrota.
Desde que o proibicionismo antitabagista se preparou para substituir as campanhas contra os malefícios do tabaco, insisti na ligação entre o gozo de fumar e práticas culturais tão válidas quanto o são aquelas que associamos ao consumo do álcool e do café. Serão males que, para muitas pessoas, se foram traduzindo num bem maior: o acesso a um padrão de vida que têm todo o direito de escolher. Em seu nome – e apesar de quase não fumar ou consumir bebidas alcoólicas – fui tomando aqui e ali a defesa de uma política equilibrada, capaz de combinar os interesses de todas as partes.
Em vão, pois no final ganhou uma delas. Aquela que foi capaz de associar uma maioria de políticos e legisladores profissionais – que procuram mostrar um «ar de modernidade» empurrando, hipocritamente, concidadãos para um gueto – à minoria de fanáticos e exaltados que entende ser a sua maneira de viver a única irrepreensível e aquela que merece todos os direitos de cidadania.
Por isso deixarei praticamente de fumar, uma vez que apenas o fazia em sociedade e não aceito passar a ser tratado a partir de agora como um pária. Confinado a expelir baforadas furtivas em pátios e portarias, exposto à chuva, ao vento e ao opróbrio dos higienistas triunfantes. Mas vou vingar-me nas carnes verdes, pois a minha esperança de vida ainda integra a possibilidade de me ver um dia reduzido ao consumo obrigatório do agrião, do nabo e da cenoura. Não posso perder tempo.