Eu sei que a franqueza é irrelevante em política. E que uma personalidade hesitante não inspira a confiança da maioria dos eleitores. Votaríamos nós em Sócrates, José, se este nos confiasse as dúvidas que inevitavelmente terá sobre as suas sonoras certezas? Ou em Menezes, Luís, se ele nos falasse exaltado das dificuldades que teve em passar a perorar em público daquela forma tão acentuadamente melíflua? Poucos de nós votaríamos. Foi por isso mesmo que experimentei alguma simpatia pelo sr. Sarkozy – embora apenas alguma, e nada política, convém que se diga -, quando soube que este, dias antes do casamento privado com a cantora esguia, teria enviado à sua ex um SMS hesitante – «infantil», dizem os críticos – dizendo-lhe que «se voltares, anulo tudo.» Tipos que passam por jamais fazerem coisas destas é que me arrepiam.
P.S. – Dizem-me que afinal o tal SMS não seguiu. Porém, o que importa é o papel da insensatez, da insegurança, da intranquilidade em política. São elas que podem humanizar um pouco os predadores. Sem que estes deixem de o ser, obviamente.