Apontamentos do Maio – 12
Garanto que se tivesse metade da idade que tenho, não tivesse lido os livros que li e apenas passasse os olhos pelo inenarrável programa revisteiro sobre o «Maio de 68» que Júlio Isidro (com um casaco à Bob Geldorf) está a apresentar na RTP-1, ficava com uma tal aversão ao dito «Maio» que nem pintado o poderia ver. Grandes canções destruídas, frases desconexas e descontextualizdas, situações dramáticas transformadas em palhaçadas, invenções, remixes, tudo envolvido num pronto-a-servir para encher chouriços e entreter labregos. Mais a referência, sacramental e oca, a «uma juventude idealista, mas muito ingénua» (Isidro dixit). Pelo meio, algumas pessoas prezáveis são convidadas a dizer uma ou outra frase que se perde completamente no meio de todo aquele chiqueiro kitsch. Divertimento pelo divertimento, antes um congresso do PSD.