Incomodam-me os activistas de uma causa só. Os que apenas observam o seu ângulo do mundo, o seu estrito móbil, a sua obsessão, distraindo-se de tudo o resto. «Save the whales» e que se lixe o próximo. Muitas organizações ecologistas partilham dessa atitude, e por isso, apesar da importância de alguns dos seus motivos, as olho quase sempre com desconfiança. Já passou muito tempo, bem sei, mas não esqueço como algumas delas se aproximaram, durante a República de Weimar, do nacional-socialismo. Ou como para muitas não existe política fora das questões ambientais. O movimento Greenpeace elogia agora o empenhamento das autoridades chinesas em fazer da sua capital um bilhete-postal, um cartão de visita, um primor: «O que é particularmente singular nestes Jogos Olímpicos é que vão deixar um legado ambiental importante na cidade de Pequim em áreas como os transportes, infra-estruturas, energias renováveis, gestão da água e resíduos.» Uma cidade histórica mas moderna, assombrosa, com amplas avenidas e muito clean. Desejável, mais verde e cheia de brisas favoráveis aos passantes. Bem limpa de ratos, de mendigos e de discrepantes.