Já se sabia há algum tempo que Julius Rosenberg, executado em Junho de 1953 na prisão de Sing-Sing em conjunto com a mulher, Ethel, ambos sob a acusação de conspiração e espionagem científica a favor da União Soviética, fora realmente um agente infiltrado. Após décadas de trabalhos e canseiras durante as quais procuraram provar a inocência dos pais, Michael e Robert, os órfãos do casal Rosenberg, aceitaram a nova versão do co-arguido Morton Sobell e acabam de reconhecer a verdade. O singular é que foram precisamente a presunção da sua inocência e a campanha pela sua ilibação que fundaram, na época de arranque da Guerra Fria, o reconhecimento de uma espécie de maldade natural do sistema penal americano junto da opinião pública dita «progressista». Este reconhecimento vem pois suscitar uma reescrita do lugar do episódio na memória profunda do antiamericanismo ocidental.