Uma das mais enfadonhas canções de Natal – que escuto sempre com uma certa sensação de entorpecimento físico e mental – é também uma daquelas que mais continua a ouvir-se como fundo sonoro dos corredores dos pequenos, médios e grandes centros comerciais para o mês de Dezembro. Tanto tempo depois de surgir, em 1942, no musical Holiday Inn (um filme só com brancos que a televisão portuguesa de canal único passou dezenas de vezes), White Christmas, de Irving Berlin, permanece, na voz branda e xaroposa de Bing Crosby – ou em outras mil versões –, como «sinónimo de Natal» e um dos temas fora do tempo que, a par da Silent Night ou de Let It Snow, somos forçados a ouvir até à náusea nas voltas consumistas que a quadra nos obriga a dar. Nada tenho contra o Natal e o seu «espírito», mas, honestamente, preferia vivê-los ao som de Paranoid.