De acordo com a revista Exame Informática, um tal Centro de Estudos da Toshiba considera que durante este ano terão sido vendidos em Portugal cerca de um milhão de computadores portáteis. O mesmo organismo estima que existam neste momento à roda de 2 milhões de portáteis em funcionamento nas casas e nas empresas portuguesas. Tratando-se de um país de cerca de 11 milhões de habitantes, o número é de facto impressionante, ainda que não tanto quanto o dos telemóveis, que ronda já os 15 milhões. Mas se neste caso a quantidade anunciada é perfeitamente plausível, dado o número de aparelhos inactivos ou obsoletos que permanecem registados, no que respeita aos computadores o anúncio tem a ver com uma vaga recente. A minha profissão situa-me numa área de actividade na qual a integração do computador no quotidiano das pessoas é das mais elevadas, mas ainda assim não me parece que a percentagem de infoincluídos – inserindo-se nestes aqueles que ainda usam computadores antigos, lentos e com sistemas operativos rançosos – seja sequer comparável à avançada pelo estudo da Toshiba. Por esse motivo, arrisco dizer que ela mais parece uma manobra para que o público passe a aliar à compra do portátil a mesma imagem que em tempos foi associada aos telemóveis: quem não possui um verá bastante diminuído o seu grau de prestígio e a sua capacidade de integração na sociedade de mercado, e quem puder afagar o touchpad com o obsceno dedo médio sentir-se-á um conquistador.