A Coreia do Norte acaba de realizar «com sucesso» um novo teste nuclear. Contrariando a actual tendência para um desanuviamento internacional em larga escala neste campo, anuncia triunfalmente que outros se seguirão e proclama que tem todo o direito de o fazer. Para se justificar, a clique autocrática local ignora a nova realidade mundial e retoma o palavrório dos tempos de Guerra Fria, garantindo que «o ensaio vai contribuir para garantir a nossa soberania, o socialismo, a paz e a segurança». Justamente numa altura em que os desígnios da generalidade das potências nucleares apontam para uma nova era de desarmamento negociado. Vindo de quem vem, de um regime autista e despótico cujos responsáveis se comportam como uma trupe de actores de terceira interpretando uma associação de malfeitores dementes, o perigo torna-se real e atinge-nos a todos. Todavia, os consignatários locais de Kim Jong-il ao assunto dizem nada. E quando abrirem a boca, se por algum prodígio o vierem a fazer, será para declararem que a culpa é toda desse «Obama-igual-a-Bush» que carrega aos ombros o mal do mundo e precisam odiar. Ou para invocarem o exemplo de Israel. Sendo matéria muito grave de política internacional, convirá que os eleitores hesitantes conheçam este tipo de condescendência cúmplice quando forem votar a 7 de Junho.