Um dos aspectos que mais impressiona na indicação da moça Carolina como «mandatária para a juventude» da campanha do PS é o sereno assentimento da Juventude Socialista perante escolha de tal densidade. Ou a invisibilidade pública de uma posição crítica que de algum responsável da JS tenha emanado. Esta organização, que em tempos terá funcionado, pelo menos formalmente, como «consciência crítica» do partido em relação aos seus adultos patronos, tal como acontecia com a JSD e até com a JC – mas não com a JCP, pois aí a juventude da idade foi e é temperada pela fidelidade aos «imutáveis» princípios –, parece ter perdido completamente a capacidade para definir uma voz própria e introduzir dinâmicas de reflexão. Justamente aquilo que a tornava razoavelmente respeitada fora do aparelho partidário. Hoje toda aquela precocemente responsável gente se concentra no seu papel de actores da propaganda e de rosto um pouco menos rugoso de um «modelo de modernidade» que a direcção do partido lhe destina. Afirmar por entre um chorrilho de tolices e de banalidades, como o fez a Carolina, que mais vale fazer batota do que perder, não lhes parece já constituir uma inqualificável ignomínia ética, uma distorção completa dos ideais socialistas mais elementares. Sobretudo porque, como calculam, o rosto público da jovem conquistará votos, votos significam poder, e o resto é conversa. Uma lógica muito natural, na qual só não alinham esses empedernidos radicais que dão demasiado valor aos princípios.