Intrinsecamente necessário, mas pouco

Drive my car

José Rodrigues dos Santos tem, salvo erro desde Agosto, um programa na RTPN – Conversa de Escritores – no qual pretende manter um registo de cavaqueira amena e sadia com alguns autores que toma por seus pares. Até se me esgotar a paciência, vi há dias um bom bocado da conversa com o chileno Luis Sepúlveda. O chorrilho de banalidades e frases-feitas, a incapacidade para um verdadeiro diálogo, foram impressionantes, dando claramente a ideia de que Santos contacta durante aqueles momentos um mundo que lhe é, no mínimo, exterior. Sepúlveda esforçou-se por ser simpático, como lhe competia, mas qualquer espectador normal pôde perceber o desconforto que sentia perante certas afirmações e algumas perguntas aflitivas. Como esta: «Quando escreve sente que escreve porque tem algo para escrever ou porque isso lhe é intrinsecamente necessário?»

    Olhares.