Israel num Moleskine

Israel

Um sketchbook é isso mesmo: um livro de impressões gráficas, de observações desenhadas num movimento de passagem, colecção de rascunhos rápidos e por isso fatalmente intensos. Começa assim: «São 7H00 da manhã… Chego ao Aeroporto Internacional Ben Gurion muito mais tarde do que o previsto.» Israel Sketchbook, de Ricardo Cabral (ASA) é um belo livro de BD que não é bem BD: induz, na forma, uma aproximação ao mesmo tempo documental e ficcionada a um dos países do mundo que concentra um volume particularmente anormal de juízos absolutos e contraditórios, passionais, por vezes demenciais. E não desilude. Por todo o lado uma cor arenosa, muita luz e uma coloração forte, impactos de bala visíveis, e principalmente gente, muita gente diferente, de diferentes cores e credos, que dê por onde der seguirá em conjunto para sempre. Sabemos que assim será porque, como observou a psicanalista e historiadora Elisabeth Roudinesco em entrevista aparecida há dias na revista Inrockuptibles, «não podemos reduzir Israel ao seu exército e aos seus líderes políticos.» Muito bom e incandescente este álbum.

    Atualidade, História.