Enquanto não leio a tradução da última obra de Tony Judt – Ill Fares The Land: A Treatise On Our Present Discontents (Um tratado sobre os nossos actuais descontentamentos, das Edições 70 e já nas livrarias), aqui ficam dois extractos, retirados da nota de leitura de Manuel Carvalho saída hoje no suplemento Ípsilon do Público. Chamando à reflexão e a algum tento na língua na crítica fácil ao papel moderador do Estado e à atitude dominantemente solidária e optimista, por vezes desdenhosa em relação ao lugar central do dinheiro, que percorreu o mundo ao longo das décadas de 1950-1960.
«Muito do que hoje nos parece ser ‘natural’ data dos anos 80: a obsessão com a criação de riqueza, o culto da privatização e do sector privado, as crescentes disparidades entre ricos e pobres. E acima de tudo a retórica que as acompanha: a admiração acrítica dos mercados livres, o desdém pelo sector público, a ilusão do crescimento eterno.»
«Libertámo-nos em meados do século XX da assunção – nunca universal, mas muito espalhada – de que o Estado é provavelmente a melhor solução para um determinado problema. Temos agora de nos libertar da noção oposta: a de que o Estado – por definição e em todos os casos – é a pior opção disponível.»