Kindlemania (4)

Kindle

O meu «Livro da 1ª Classe» chegou antes de entrar na escola primária e foi na verdade o Diário de Notícias e O Primeiro de Janeiro. Desde que me habituei a eles, e o vício pegou rapidamente, não mais passei um único dia sem a companhia amiga de um ou de vários jornais. Mesmo em viagem ou em férias, mesmo a viver em sítios isolados, mesmo sobrecarregado de trabalho, doente ou em teatro de guerra, sempre arranjei forma, nem que para tal precisasse de andar léguas ou de pedir a ajuda de alguém, de alimentar a mania da informação em papel. Neste caso, a rádio, a televisão ou a Internet nem por um segundo me fizeram mudar de hábitos, sendo o resultado prático da combinação de uns e de outros uma sobredose de informação da qual não me queixo. No entanto, acreditem ou não, o uso do leitor de e-books da Amazon está a fazer-me mudar.

Resolvi assinar a versão para o Kindle do Público e do El País, cuja versão em papel conto limitar, a partir de agora, aos dias em que num e noutro se publicam o Ípsilon e a Babelia, suplementos não disponibilizados na versão em tinta electrónica, ou quando saia alguma matéria especial. A decisão resulta de dez dias consecutivos de experiência, durante os quais percebi que a leitura no ecrã de 6 polegadas se adapta muito bem a um padrão que me agrada. Perde-se, é verdade, a leitura panorâmica e o impacto da cor e da imagem, mas ganha-se imenso em capacidade de concentração no próprio texto: não mais perdi uma notícia devido à dispersão dos títulos, as palavras ficam mais próximas dos olhos como as da página de um livro ficam mais próximas de nós do que as de uma folha de jornal impresso, e, sem esforço algum, às 7 da manhã, chova ou faça sol, tenho ambos os jornais automaticamente despejados dentro do leitor, por um preço conjunto que não ultrapassa os 20 Euros ao mês (comprando os dois diários em papel gasto quase quatro vezes mais). Quanto ao «cheiro das notícias», o problema não existe mais, pois de há muito que os jornais em papel deixaram de o ter. Garanto que estou bastante contente com a troca e que, até agora, nem por um minuto tive um acesso de delirium tremens ou me bateu a nostalgia. Vamos ver se não mudo de ideias.

P.S. – Um aspecto importante: estas edições dos dois diários não comportam publicidade.

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[continua]

    Atualidade, Cibercultura.