A Confederação Nacional das Associações de Família, com a argúcia e a presciência que se lhe reconhecem, diz que há um «risco de conflito geracional» pelo facto de haver «jovens frustrados» que «poderão sentir-se impelidos a pedir contas a toda uma geração que lhes deixa um legado de dívidas, de falta de oportunidades, de retrocesso nas liberdades». Se bem interpreto esta preocupação, as famílias deverão então efectuar sessões de autocrítica – ou de auto-análise, para os familiares mais instruídos – nas quais os mais velhos se deverão penitenciar por um dia terem acreditado que viviam num mundo que tendia a ser melhor do que aquele que lhes havia sido legado pelos seus pais. E assim sucessivamente, regredindo na história da responsabilidade geracional, na medida do possível, até ao instante da Criação. Perceber-se-á então que o culpado de tudo foi quem começou o movimento, ou seja, Deus. Parece-me que a Confederação Nacional das Associações de Família está a meter-se numa grande embrulhada.