Quando passei hoje no Público pela coluna de António Vilarigues e vi o destaque – «A alternativa existe! E exige, na sua concretização, a formação dum Governo patriótico e de esquerda» – pensei logo de mim para comigo: «É hoje. Tens andado distraído mas vais finalmente perceber que coisa é essa do ‘Governo patriótico e de esquerda’ que o PCP pressagia.» Juro que fiquei na expectativa, até porque gosto sempre de aprender coisas novas e, acima de tudo, gostaria de reconhecer a possibilidade de um modelo político e económico para o meu país que não aquele que desgraçadamente nos tem vindo a ser apresentado como inevitável. No entanto, essa expectativa durou só dois minutos. A «explicação» encontra-se no parágrafo final: «Mas a alternativa existe! Uma alternativa capaz de garantir a política necessária à resolução dos problemas nacionais. E que exige, na sua concretização, a formação dum Governo patriótico e de esquerda. Governo com uma política que corresponda ao conteúdo e valor próprio da Constituição da República e dos ideais de Abril.» Sem mais, de novo. Ou seja, não existe alternativa alguma, pois ninguém percebe como chegar a tal governo, quem o constituiria e como é que ele resolveria o problema imediato da maioria dos portugueses; a saber, com que é que a partir de Junho estes vão pagar a sopinha de legumes da qual precisam para viver. Mas garanto que vou continuar a procurar – com a mesma tenacidade com a qual o velho Diógenes, de lanterna na mão, percorria as ruas de Atenas em demanda de uma pessoa honesta – a informação que me permita desfazer as dúvidas. Não quero acreditar que o PCP proponha como solução alguma coisa que não faz a menor ideia do que possa ser ou de que forma poderemos nós, ou poderá ele em conjunto com mais não sei quem, chegar a ela.