O que nos resta

Sagan
F.S. em 1954
Fotograma de Jacques Rouchon

Françoise Sagan disse um dia numa entrevista: «Aquilo que faz falta na nossa época, é o gratuito. Mas é realmente excitante fazer coisas por nada. A nossa época é demasiado materialista e demasiado exibicionista, cheia de pessoas que contam em público todos os pormenores das suas vidas e que se satisfazem com a realidade. A imaginação é a única virtude que nos resta. E talvez seja mesmo a mais importante das virtudes.». É sempre fácil – e bastante tentador – estabelecer analogias entre as palavras avisadas dos que se foram, e um dia sublinhámos, e aquelas das quais nos podemos servir para julgar a nossa própria realidade. Mas num tempo como o presente, no qual absolutamente tudo é julgado pelo valor de troca e a gratuidade é considerada um desperdício ou coisa de ingénuos, vale a pena considerar estas que nos deixou a autora de Bonjour Tristesse.

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