Esta fotografia de Henri Cartier-Bresson, tirada na Rua Arbat, no centro histórico de Moscovo, no ano de 1972, deixa inevitavelmente uma impressão amarga. O olhar de cobiça destas mulheres de meia-idade, vestidas de maneira pesada e uniforme, perante a bolsa de material barato à venda num armazém do Estado – mostrada como inacessível raridade sobre o balcão revestido a fórmica onde pode observar-se uma pilha de senhas –, funciona como triste metáfora dos anos de penúria e bloqueio, «de cinza», da era Brejnev.