Para além dos edifícios oficiais imensos, feios e inóspitos, uma das marcas mais impressionantes da arte pública associada à estética do realismo socialista é a representada pela estatuária monumental. Durante décadas, dispersa por praças, ruas, jardins e até no interior de edifícios, a vitória do «socialismo realmente existente», a glória das suas figuras de proa e a apoteose dos seus valores e símbolos essenciais foi celebrada em estátuas gigantescas, de péssimo gosto, que se impunham de uma forma medonha em cenários frequentemente vazios, pobres e deprimentes. Existe até, na cidade lituana de Druskininkai, a 130 quilómetros de Vilnius, um espaço museológico parcialmente ao ar livre, o Grūto Parkas – conhecido localmente como «O mundo de Estaline» –, no qual se expõem, sob a forma de pesadelo vivo, centenas de exemplares deste universo absurdo de bronze e granito. Na Coreia do Norte subsiste a extravagância, tendo ainda recentemente sido inaugurada em Pyongyang, ao lado da conhecida estátua colossal de Kim-Il-Sung, o «líder eterno», outra equivalente, representando o seu filho e «querido líder» Kim-Jong-Il. Pois agora, o costume regressa à Polónia, ainda que subordinado a uma orientação ideológica algo diversa: neste domingo começou a ser erguida na cidade silesiana de Czestochowa, o maior centro católico do país, uma estátua gigantesca do papa João Paulo II. Desta forma tornará à região a tradição pavorosa das avantesmas em pedra.