Dois anos após ter visto no Canal 2 as primeiras duas temporadas de Barão Negro (Baron Noir), terminei ontem a terceira, agora na HBO. O essencial do argumento permanece: tendo como personagem central Philippe Rickwaert (Kad Merad), desenhado a partir da figura real de um político de bastidores ligado ao Partido Socialista, a série francesa – nesta dimensão, um pouco à escala da dinamarquesa Borgen – sobre os jogos de influência e poder que ao mesmo tempo alimentam e fragilizam os partidos políticos dentro do sistema representativo. Destaca-se nesta temporada a abordagem dos perigos do populismo que o sistema mediático e as redes sociais muito ampliam, bem como os problemas inerentes à dificuldade de contra ele conseguir unir as esquerdas.
Neste capítulo, surge como particularmente rica a figura ambígua de Michel Vidal (François Morel) e do seu movimento, inspirados na personalidade e no lugar de Jean-Luc Mélenchon e do grupo que tem conseguido agregar. Sempre presente ainda o papel da «memória da esquerda», ao qual esta acaba por recorrer como fonte de energia e de legitimidade nos momentos particularmente críticos. No último dos oito episódios, o da vitória à tangente sobre o perigo populista, acaba por sobressair a grandeza e a necessidade da política, tão maltratada ao longo da série nos momentos em que os princípios e grandes objetivos foram trocados pelo mero calculismo eleitoralista. Uma possível inspiração para algumas consciências e escolhas que andam por aí ao sabor das circunstâncias.