Para além de outras atividades e escolhas, quanto mais não fosse por três experiências únicas do jornalismo português Vicente Jorge Silva mereceria para sempre o reconhecimento e a lembrança. Em primeiro lugar, a fundação da nova fase do Comércio do Funchal (1966-1974), o jornal cor-de-rosa que, sem sectarismo e contra a censura, deu voz, principalmente durante o marcelismo, à esquerda da esquerda que não se reconhecia no PCP. Em segundo lugar, a fundação da Revista do Expresso, semanário do qual foi diretor adjunto, durante muito tempo a mais lida, dinâmica e influente publicação de cultura da imprensa portuguesa. E em terceiro, em 1990, a co-fundação e direção inicial do Público, então rapidamente transformado num jornal pluralista respeitado e com um fiel número de leitores. O fragmento de um editorial do Comércio do Funchal que aqui se transcreve mostra um pouco de Vicente (e do mundo que observava) em fevereiro de 1972.