Não faço a menor ideia do que pode levar cada pessoa a usar as redes sociais como lugar de comunicação frequente, ou mesmo, em certos momentos, aquele que mais utiliza. Provavelmente, em tantos milhões de humanos que vivem parte dos seus dias ligados a estas máquinas ligadas a outras máquinas, poucos existirão cujas razões repliquem exatamente as dos demais. A mesma coisa no que diz respeito à forma mais ou menos ativa, ou mais ou menos passiva, como as usam, ao que delas esperam, às experiências que têm, às expectativas que podem (ou não) manter ou ir perdendo. Trata-se de um meio difícil, como muito bem sabe quem antes da introdução do digital e do uso das redes se habituara a escrever, a falar, a fotografar, a criar ou a contar com um objetivo de partilha, mas agora o faz sob condições inteiramente renovadas. Este meio dispõe de possibilidades imensas, mas também de armadilhas e de alçapões que dificultam o caminho, podendo levar a tropeções e a quedas. Mais caminhos, já se sabe, implicam inevitavelmente mais hipóteses de os cruzarmos, sempre com as inerentes vantagens e perigos.
Todavia, é justamente aí que mora o desafio. Pelo que respeita à experiência que aqui levo há já tantos anos – nisto das redes, de forma ativa e continuada, sempre a rodar desde os inícios dos anos noventa – os problemas, as dificuldades, os erros próprios, algumas irritações e incompreensões, mais ou menos justificadas – têm sido sempre muito ocasionais. Talvez também porque, por temperamento e escolha, não alimente relações sem proveito e passe pelas que não consigo evitar sem marcas de rancor. Ou, e este é o lado melhor, porque procure alimentar aquelas que trazem algo de bom e de positivo. Nesta dimensão, tenho a sorte de ter a acompanhar-me por aqui – mais do que os/as cinco mil da praxe, que apenas numericamente pouco pesam – centenas de homens e de mulheres, que conheço de há muito ou de quem me aproximei há pouco, com quem contactei na vida real ou que ainda só conheço destas paisagens imateriais, mas com quem tem sido possível construir uma teia de cumplicidades, por vezes de afetos, mesmo quando não se pensa ou não se sente do mesmo modo e feitio. Seja a cinquenta centímetros ou a cinco mil quilómetros.
A todos e a todas – mas em especial, desculpem os/as outros/as, aos e às mais constantes e atentos – os meus votos do bom 2021 que puderem conquistar e merecer. Com um pouco de sorte também.
[Publicação original no Facebook. Fotografia de Nebula]