Com o fascismo, tenha ele o rosto que tiver, não existe diálogo possível. Não se pode dialogar com quem o faz apenas para combater os direitos fundamentais e destruir a democracia. E muito menos, pelo mesmo motivo, reconhecer-lhe direitos democráticos irrestritos. Mas também não podem existir contemplações, compreensão, moderação: o fascismo não se observa, não se lamenta, enfrenta-se, e se necessário, como já aconteceu no passado, através da violência. Inclusive a física. A mãe de todas as guerras antifascistas, a Segunda Grande Guerra, não se venceu com flores ou palavras doces, nem com o encolher dos ombros ou o silêncio, mas com dureza e determinação, nos trilhos da resistência ou no fragor do campo de batalha.
Todavia, esta forma extrema de combater o fascismo deve ser reservada para os momentos decisivos, nos quais não existe já outra solução e quando se verifica um grau elevado de compreensão, por parte da maioria da sociedade, pelo uso da violência. De outra forma, ele serve-se dos gestos de quem se lhe opõe para se autovitimizar e ampliar o apoio. Compreendo muito bem o uso da violência contra o comício do Chega e contra o homenzinho que lhe dá rosto, sobretudo por vir de quem veio, mas é preciso reconhecer que, desta forma e naquele momento, terá servido, entre a multidão de pessoas indolentes ou despolitizadas, para alargar o seu apoio eleitoral. Em certos momentos é preciso ser-se forte para resistir a enfiar um murro em rostos que o merecem.
Rui Bebiano