Desde o ano da sua morte em 1940, ocorrida em combate durante a terrível batalha de Dunquerque, quando o exército aliado, composto essencialmente por franceses e ingleses, sucumbiu completamente perante o avanço alemão, até à reeedição em 1960 do romance Aden Arabie, ainda a sua obra mais conhecida, Paul Nizan (1905-1940) permaneceu para uma parte da esquerda como mais um renegado. O pecado de Nizan foi – como aconteceu com outros intelectuais comunistas, que no pacto de não-agressão germano-soviético de 1939 viram, com razão, uma inaceitável cedência ao nazismo – ter-se oposto à vontade de Estaline, o que junto dos partidos comunistas era então inaceitável. Como resultado, após ter sido durante largos anos um escritor lido e prestigiado, viu, por iniciativa do PCF e de muitos dos seus simpatizantes, o seu nome desaparecer totalmente dos jornais e mesmo das livrarias.
Apenas o prefácio de Jean-Paul Sartre a essa nova edição de Aden Arabie, onde lhe foi atribuída a imagem de eterno dissidente perante a injustiça e todo o tipo de ordem arbitrariamente estabelecida, o recolocou num lugar prestigiado junto de uma nova geração. A crescente consideração como anacrónica da ortodoxia comunista entre parte da jovem intelectualidade progressista dos anos 60 contribuiria também para lhe devolver a voz e o reconhecimento. Duas curtas frases em modo de aforismo para lembrar Nizan que podem juntar-se àquela, tantas vezes citada, com a qual abre o referido romance («Eu tinha vinte anos. Jamais deixarei alguém dizer que essa é a mais bela idade da vida»): «a verdadeira nobreza reside na vontade de subversão» (La Conspiration) e «a poesia e as mulheres passam, mas isso jamais acontece com a revolução» (também de Aden Arabie). Para «anticomunista», como foi apodado, não está mal.