Palavras e frases entram e desaparecem, como bordões da fala, de acordo com diferentes tendências ou modismos. Ao facultar exemplos, a comunicação social, em especial a televisão, tornou este processo, mais constante e célere do que ocorria em passados mais distantes. Entretanto, quem tem a profissão de professor tem a sorte (algumas vezes, também o azar) de perceber melhor esta transformação, pois os seus alunos são um bom indicador das palavras ou das frases que estão em voga, bem como daquelas que estão a desaparecer ou de todo eles já não usam. Por vezes, isto já me aconteceu em alguns momentos, o próprio professor adquire aquele tique e, sem dar por isso, de repente já o está a usar, colaborando na sua disseminação. Outras vezes é forçado a mudar para ser plenamente entendido. Não vejo nada de mal nesta tendência, que apenas torna mais veloz o processo infinito e constante de metamorfose das línguas. Aliás, língua alguma, salvo aquelas julgadas mortas, escapa a essa dinâmica, por muito que alguns puristas procurem evitá-lo ou disfarçá-lo com normas excessivamente rígidas.
Um pouco mais perturbador, todavia, é, por um lado, a repetição até à exaustão dos modismos, tornando-os entediantes e empobrecendo a complexidade e a variedade dos discursos, e, por outro, a alteração de sentido ou o aviltamento de determinados vocábulos ou de certas expressões antes usados com um outro significado. É isto que tem acontecido nos últimos meses com a proliferação – que vai dos debates da televisão à mesa da pastelaria – da expressão «na minha opinião». «Opinião», segundo os dicionários, é uma forma estruturada de pensar, um julgamento pessoal baseado no raciocínio, um parecer fundamentado, não a simples emissão de uma hipótese, de um vaticínio ou da primeira ideia que vier à cabeça ou de uma «fezada». Tornou-se assim um hábito rematar frases desconexas, pejadas de ideias banais, meras hipóteses ou falsidades, com um «…na minha opinião». Tendência que irá passar, como todas as que se ligam à fala; admito, porém, talvez por tanto prezar o valor sustentado da opinião, que esta possa uma das que nesta altura me faz alguma comichão.