Quando comecei a usar a Internet, nos idos de 1993, e durante uns seis ou sete anos, tudo aqui parecia positivo. Bem, quase tudo: ocasionalmente, muito ocasionalmente, lá surgia alguém mais agressivo ou oportunista a estragar o ambiente em seu proveito, mas essas pessoas compunham apenas uma pequena franja, uma vez que o anonimato era ainda raro, o reconhecimento de quem intervinha possível e, acima de tudo, existia uma ideia, então dominante, sobre o o uso deste meio como um lugar de utopia, onde era possível aprofundar o conhecimento, a criatividade e mesmo a democracia. Nessa altura ainda era impensável que alguém escrevesse algo tão negro – alguns dirão, «realista» – como o que se segue, chegado hoje por email.
«Com as redes sociais a desempenharem um papel indispensável na vida pessoal e profissional, os profissionais precisam de compreender como é que o uso diário destas ferramentas pode afetar a sua carreira e como podem influenciar a sua procura de emprego. Como pode aproveitar ao máximo as redes sociais no desenvolvimento de carreiras e evitar que fotos e vídeos partilhados este verão afetem negativamente a sua procura de emprego? [Fulano], especialista em recrutamento e seleção, analisa as redes sociais mais populares e diz como usá-las para proteger a imagem profissional.» Um convite à disseminação da vigilância e ao individualismo, que mostra como aquela dimensão de utopia foi trocada pelo seu exato oposto.