Sei que a regra, para muitas pessoas perturbadas com a complexidade dos factos – não, não se trata de um linear conflito entre «bons» e «maus» -, ou com receio de ser injuriada, até por pessoas que considera (ou que até agora considerava), é falar o menos possível sobre o tema. O mesmo acontece com os setores, enredados na defesa de uma paz a todo o custo, que esquecem a necessidade de uma política de alianças em caso de guerra e tendem a equiparar um esforço de defesa a um plano de ataque. Uns e outros procuram meter a cabeça na areia, e isso passa por deixarem, mesmo neste espaço, de escrever sobre o tema ou sequer de o comentarem.
Vejo bem como o número de «gostos» nas redes sociais – para mim, sobretudo um barómetro – surgidos cada vez que abordo o assunto, tem vindo a diminuir. Mas o conflito arrasta-se, os seus graves efeitos ampliam-se a cada dia, e meter a cabeça na areia de nada servirá, salvo, para alguns, poderem permanecer num estado de artificial tranquilidade e inocência. Aprecio muito a paz e o sossego, mas jamais os troco por ignorar a realidade ou por fechar os olhos à ignomínia. E não vejo outro nome para o gesto de chamar à invasão e ao bombardeamento da Ucrânia pela Rússia uma «guerra de agressão da União Europeia à Rússia». Só mesmo a despudorada má-fé ou um sectarismo elevado ao cubo justificam tal absurdo.