Se os jornalistas e os comentadores que circulam recorrentemente pelas redes sociais apenas à procura de sinais de escândalos, ou para rapinar assuntos e argumentos abordados por outras pessoas que depois desenvolvem nas suas próprias matérias com fumos de grande novidade, prestassem alguma atenção ao que por aqui se vê e refletissem sobre a forma como certos temas são aqui tratados – considerando este espaço, apesar dos grandes defeitos que possui, também como um barómetro – por certo poriam de parte rapidamente certos temas. Com os quais nos massacram diariamente e de manhã à noite, afastando audiências, obscurecendo o clima geral e prejudicando, afinal, tanto a sua profissão quanto a própria democracia.
Falo, é claro, da novela do momento, que dura há semanas e, apesar da pobreza do argumento, ameaça continuar com novas temporadas, envolvendo o ministro, o primeiro-ministro, a agência de segurança, os partidos da oposição, os jornais e as televisões, quiçá o cardeal patriarca e o seu cachorro. Um episódio apenas de importância média com o qual se massacram os cidadãos, na tentativa de abalar e fazer cair um governo de maioria absoluta eleito há pouco mais de um ano. É claro que o resultado final é a disseminação de um estado de náusea e de exaustão, levando a que um número cada vez maior de cidadãos já nem olhe para as capas dos jornais ou deixe de sintonizar os telejornais. No seu pequeno e enfadonho mundo, porém, esta parece ser uma realidade invisível.
[originalmente no Facebook]