Os resultados das eleições legislativas em Espanha abriram uma crise política sem uma solução para já à vista. Todavia, por certo que ela surgirá, seja sob a forma de uma grande coligação de partidos orientados basicamente à esquerda – com concessões a algumas pretensões autonomistas -, ou então apontando, o que seria basicamente negativo por introduzir um inevitável extremar de posições, para novas eleições. Seja como for, dos seus resultados, em boa parte inesperados, saíram diversos sinais essencialmente positivos. Para já, anoto quatro.
Em primeiro lugar, a derrota estrondosa da extrema-direita do Vox, contrariando as teses que a davam como certa no Palácio da Moncloa. Em segundo, a constatação de que é imprescindível aplicar, agora em Espanha, um princípio positivo na vida democrática: o de que o poder político deve fundar-se na confluência de interesses e em coligações, e não em sempre perigosas maiorias absolutas. Em terceiro, e que poucos comentadores têm notado, é o eleitorado do Estado espanhol ser hoje, de forma clara, maioritariamente republicano. O quarto sinal, que pode servir de inspiração do lado de cá da fronteira, é a demonstração de que uma aproximação dos socialistas do PSOE à sua esquerda não assustou, bem pelo contrário, o eleitorado que o apoia.
[Publicado originalmente no Facebook]