Esta manhã cruzei-me com milhares de jovens de passagem para a Jornada Mundial da Juventude, organizada em Lisboa, com trajetos regionais, pela Igreja católica. Nada contra a sua forma de manifestar fé ou de se divertirem e conviverem, embora julgue inaceitáveis os gastos com uma exibição de luxo e de suposta grandeza por parte da organização do evento, o que não é culpa deles.
Têm praticamente todos entre os 16 e os 18, são ruidosos, como não poderia deixar de acontecer com jovens, mas o que impressiona é parecerem formatados, venham da França, da Hungria ou da Grécia. Sempre o mesmo semblante sereno e sorridente, a mesma roupa discreta (alguns e algumas de hábito) e comportamento arrumado, de um certo padrão de católico militante, e nada de tatuagens, cabelos coloridos, roupa exuberante, fones de ouvido ou ostensiva prática do flirt.
Acenam muito uns aos outros, riem outra vez, num júbilo, talvez sincero, de quem, pela fé, parece acreditar num mundo para eles feliz e orientado para o bem. De alguma forma, uma teatralidade da fé que se via também nos Festivais Mundiais da Juventude organizados, entre 1947 e 2017, pelos governos dos países do «socialismo real» ou dos que dele continuaram a reclamam alguma herança.
[originalmente no Facebook]