Os debates televisivos sobre as eleições têm sido um fiasco e revelam-se muito pouco úteis para quem os procure para genuinamente esclarecer o seu sentido de voto. Têm pouco tempo disponível e decorrem apressadamente, são constantemente interrompidos por moderadores agressivos que têm a sua própria agenda, e organizam-se como combates de galos, onde se espicaça sempre a agressividade. Não por culpa de todos os políticos presentes – pelo contrário, excetuando Ventura e o rapaz da IL, que estão ali precisamente para dar espetáculo grátis -, mas devido ao modelo escolhido e aos interesses das televisões, empenhadas em nivelar por baixo e assim obter melhores audiências.
Mas o pior de tudo são as intermináveis horas de supostos debates que se lhes seguem, onde comentadores, quase todos de direita e mal preparados, se entretêm, com a complacência dos pivôs, em exercícios de interpretação frágeis, repetitivos e que apontam quase sempre ao alvo errado, procurando sobretudo fazer propaganda, jamais esclarecer. Ainda um dia será feito um estudo – aqui fica uma sugestão para os sociólogos da comunicação – sobre a forma como, após décadas de penumbra e quase completo silêncio, um tão grande número de pessoas, em regra sem cultura democrática, mas verborreicas e que «escrevem benzinho», passaram a dominar as televisões e muitos jornais.
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