A análise política não se faz com desejos, mas com capacidade crítica e um permanente mergulho na realidade. Por muito que gostasse de o fazer, não considero, ao contrário do que alguns amigos e amigas estão a declarar enfaticamente, que Pedro Nuno Santos tenha ganho por muito – e menos ainda que tenha «esmagado» – o seu embate com André Ventura no ecrã da TVI/CNN. Não falamos aqui de razões ou de justeza, campos onde PNS está milhas à frente do seu opositor, mas de captação de emoções e passagem de mensagens curtas e rápidas, domínios em que Ventura, como todos os líderes populistas, é naturalmente mestre.
De facto, apesar de deter uma argumentação muito mais sólida e estruturada, o secretário-geral do PS mantém alguma dificuldade em resolver um problema pessoal concreto: não se deixar levar pela sua natureza combativa para não dar razão a quem o acusa de «radical» que por isso não pode ser «homem de Estado». Já o chefe do Chega sabe que pode dizer aquilo que quiser, e logo a seguir o seu contrário, pois fala para um eleitorado sem norte, que funciona por impulso e apenas deseja escutar «umas verdades». Mariana Mortágua não teve o problema de Pedro Nunos Santos e desembaraçou-se bastante melhor do energúmeno.
[Originalmente no Facebook]