Muitos estudos fiáveis apontam para que uma maioria dos jovens com direito de voto tendam a confiar na direita ou mesmo na extrema-direita. Isto não significa que um grande número de pessoas com menos de 25 anos não tenha uma posição diferente ou mesmo adversa a essa; felizmente, elas existem, mas ainda assim a tendência é inegável. Ela é, aliás, transversal à generalidade dos Estados europeus e americanos. Ainda que de forma breve e exploratória, é possível vislumbrar um conjunto de fatores que, isoladamente ou combinados, tendem a produzir esse efeito. Correndo o risco de ser muito incompleto, ou mesmo de falhar alguns muito importantes, aponto aqui para seis, avançados sem qualquer ordem de importância.
O primeiro fator tem a ver com a natural atração dos jovens pelo novo: a direita, em especial a populista, apresenta-se como «liberal» e antissistema, e este pode ser um fator de atração para muitos jovens.
O segundo relaciona-se com as enormes falhas de conhecimento nos domínios da história e da memória, e também no domínio da formação humanista, levando muitos a ignorar ou a esquecer experiências anteriores.
O terceiro articula-se com o facto de, sendo muitos jovens pessoas generosas, um grande número tende a desconsiderar a dimensão de compaixão e humanismo que se amplia ao longo da vida.
O quarto fator está associado ao impacto das redes sociais e da Internet em geral, com uma exposição constante à desinformação e à mentira, que muitas destas pessoas, sem antídoto no campo da informação, tende a tomar por verdades.
O quinto considera a reduzida presença social das ideologias e das causas mobilizadoras, com boa parte da esquerda política sem capacidade para, diante de novas realidade e expetativas, renovar as suas dinâmicas e as suas propostas.
Por fim, o sexto fator prende-se com a crescente ausência de expectativas de vida num mundo mergulhado numa mudança cada vez mais rápida e dotado de cenários de futuro e de esperança menos sólidos.
Claro que esta lista não representa um rol completo de aspetos e condições, sendo antes uma tentativa muitíssimo simples e experimental para começar a olhar com alguma clareza para o cenário complexo, e de pelos menos média duração, que temos pela frente. Com o objetivo de o pensarmos e de o compreendermos, para melhor lidarmos com ele e também para melhor nele procurarmos intervir no sentido da mudança. Meter a cabeça na areia e tentar acreditar que nada disto acontece é que a nada leva, fazendo com que tudo piore.