É hoje, 17 de Abril, quando se completam 55 anos sobre o episódio que desencadeou a «crise académica» de 1969, inaugurado em Coimbra pelo PR um mural de homenagem àquele momento que é centrado em Alberto Martins, então o presidente da AAC e o seu mais conhecido protagonista, dado o papel que teve ao pedir a palavra em nome dos estudantes. Parece-me bem e justo, embora discorde da forma como o episódio, que teve uma natureza coletiva e distendida no tempo, continua a ser recordado e representado como centrado num momento e numa só pessoa, que «apenas» foi instada – como a própria ainda há dias reconheceu num debate em que também participei – a falar em nome de todos.
Aliás, o papel da Associação Académica de Coimbra, sendo instrumental na organização dos estudantes, foi ainda assim relativo no movimento no seu todo, que teve uma importante componente «de massas», centrada nas escolas e municiada por uma intensa vida política e cultural dos estudantes. Esse caráter relativo é provado pela forma como, tendo a AAC sido encerrada pelo regime entre fevereiro de 1971 e abril de 1974, o protesto estudantil não só se manteve, como se radicalizou muito, levando até a um forte aumento da repressão policial. Quem toma decisões destas teria só a ganhar se, em vez de ir atrás de uma versão mitificada e unívoca da história, escutasse quem a conhece e quem a viveu na pluralidade.
[saído no Facebook; sobre o tema publicarei em breve um texto mais completo]