Partilho uma decisão pessoal com quem me segue nas redes sociais e tem acompanhado em artigos de opinião e campanhas de natureza cívica.
Apenas tive atividade partidária entre 1971 e 1977, ligado então a uma organização da esquerda revolucionária da qual saí mais por razões de natureza ética do que política. O distanciamento político surgiu depois e veio devagar, se bem que a evolução pessoal jamais colidisse com valores fundamentais de solidariedade e justiça que cedo adotei e jamais deixei de partilhar.
Mantendo-me décadas como «independente de esquerda», só a partir de 1999 voltei a aproximar-me de um partido, o Bloco de Esquerda, do qual não fui militante, mas apenas eleitor e companheiro de viagem, tendo sido candidato em lista autárquica e colaborando em iniciativas várias. Em 2011, quando BE e PCP ajudaram a derrubar o governo, facilitando a vitória de Passos, comecei a distanciar-me, mantendo, todavia, o maior respeito pelo Bloco, com o qual tenho concordâncias e onde tenho amigos e amigas.
Em 2015 participei, como candidato independente por Coimbra, nas listas do breve e ainda incipiente projeto LIVRE-Tempo de Avançar. Um dos motes da sua campanha foi a aproximação das esquerdas, que felizmente viria depois das eleições a acontecer, ainda que da forma imperfeita que se conhece, com a chamada «Geringonça».
Agora, em 2024, entendi ser o momento para voltar a um empenho político consistente, ainda que sem dele fazer o eixo da minha existência, tornando-me membro do LIVRE. Desde a fundação que os seus princípio básicos – universalismo, liberdade, igualdade, solidariedade, socialismo, ecologia e europeísmo – são também os meus, e entendi que neste tempo de ressurgência da direita e de assalto da extrema-direita é altura de partilhar um combate progressista público.
Uma vez que no LIVRE a concordância com os princípios fundamentais – sem ela jamais existiria vida partidária – inclui o exercício pleno da liberdade individual, a opinião que continuarei a expressar publicamente, embora aqui ou ali mais empenhada em algumas dimensões, manter-se-á como sempre. Isto é, pessoal, independente e crítica, quanto o possível distante dos lugares-comuns, do proselitismo e do silenciamento de temas difíceis. Podem contar com isso.
Rui Bebiano