Está a circular profusamente pelo Facebook e outras redes sociais, deixado inclusive por pessoas que muito prezo ou de quem sou amigo, e que acredito terem sobre o tema posições mais equilibradas e racionais, e não apenas emotivas e epidérmicas, um suposto mapa «da Palestina», legendado em árabe e na perspetiva do Hamas, destinado a celebrar o combate do povo palestiniano pela sua independência. A causa é, sem qualquer dúvida, justíssima, para mais nesta altura tão dramática para a população de Gaza, e essa lembrança é adequada. O mapa em causa, todavia, além de estar manifestamente errado, por muito incompleto, parte de um pressuposto político, vindo de determinado grupo, que é negativo e danoso para a própria causa palestiniana.
O erro advém de não incluir partes significativas do Líbano, da Jordânia, da Síria e mesmo do Egito, historicamente habitadas por homens e mulheres palestinianos. O pressuosto negativo é a exclusão da equação do Estado de Israel, propondo não só uma solução impossível, como destinada a substituir uma injustiça por outra, o que nem mesmo a maioria dos responsáveis palestinianos defende. A solução para a região será sempre a dos dois Estados independentes, pacíficos e colaborantes, associada ao isolamento dos extremistas políticos e religiosos de ambos os lados. Sem ela, jamais haverá paz, o povo palestiniano continuará a sofrer e muitos israelitas, com análogos direitos históricos e sem culpa do que faz quem os governa, também.
PS – Um recém-saído número especial da revista do Le Monde, como se sabe uma publicação progressista e pró-palestiniana, inclui, devidamente comentados, 40 úteis e completos mapas da Palestina, de Israel e da região.