Tenho escutado isto menos, mas durante décadas o Partido Ecologista Os Verdes foi entre nós sistematicamente apelidado de partido-melancia. Como esta, verde por fora e vermelho por dentro. Na verdade, tratou-se sempre, praticamente desde a sua fundação em 1982, e mais acentuadamente nos últimos anos, de um agrupamento satélite criatura do PCP, com a utilidade prática de agregar uns poucos votos de pessoas sensíveis à temática ecologista – pessoas com dificuldade em reparar que existem partidos, como o Livre, o PAN ou mesmo o BE, mais consequentes e ativos neste domínio – e sobretudo de justificar a formação de uma frente eleitoral designada «unitária», colocando nos boletins eleitorais, ao lado da foice e do martelo, um belíssimo girassol estilizado.
Na realidade, em tantos anos de vida atenta e informada em democracia não me consigo recordar de uma só campanha política autónoma, de um congresso, de uma conferência de imprensa, da expressão de uma divergência substantiva com o partido que lhe faz o favor de conceder uns lugares dificilmente elegíveis nas listas eleitorais. Pois agora, na substituição de Paulo Raimundo como deputado, devido à sua licença parental, havendo três candidatos à frente na lista da CDU por Lisboa, e sendo um deles do PEV, a circunstância foi ignorada entrando uma outra deputada do PCP. Claro que este último partido tem o direito de defender os seus interesses da forma que entender, só que a triste figura do PEV se ampliou. Ficando a curiosidade de saber que tipo de gente baça e pusilânime o compõe.