Apagão e pós-apocalipse

Independentemente das causas reais e da verdadeira extensão do apagão de ontem, ainda por apurarem, ficou claro que as nossas estruturas de acompanhamento para situações críticas desta natureza são muito frágeis. Ao mesmo tempo, ficámos a perceber ainda melhor de que forma as nossas vidas estão agora totalmente dependentes de tecnologias efetivamente falíveis. Durante aquelas horas, para além dos muitos inconvenientes práticos, alguns dramáticos para muitas pessoas, pairou no ar uma sensação de medo que veio da perceção desse desamparo.

Ficou também bastante claro de que forma a informação é vital para tranquilizar ou mobilizar as pessoas, e para evitar o boato e o caos em alturas destas. Pessoalmente, comecei a mentalizar-me para passar uma noite às escuras, não ter uma refeição quente, tomar um duche matinal frio, subir e descer escadas, e por aí afora. Mas à ausência total de informação não consegui de todo adaptar-me. Além disso, o mundo não está de feição a não ligarmos a uma eventual realidade pós-apocalíptica. Precisamos todos de pensar nisto, e agora, antes que esqueça.

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