Caretice

O CDS-PP indigna-se porque um Dicionário de Calão integrado no «site infantil-juvenil» do Instituto da Droga e da Toxicodependência associa a palavra careta , no vocabulário próprio do meio, a qualquer indivíduo «conservador, desprezível e desinteressante» que não consuma drogas. Um tanto atemorizados, os responsáveis pelo site já retiraram essa e outras palavras. O Houaiss, porém, continua a associar careta a um sujeito «conservador, preso a convenções; quadrado, tradicional», ou «que não usa drogas». Já o Dicionário Editora da Língua Portuguesa considera careta toda a «pessoa muito presa aos padrões tradicionais; bota-de-elástico». A deputada Teresa Caeiro poderá explicar então se também pretende que se lancem para o shredder as páginas dos referidos dicionários, que muitas escolas possuem na sua biblioteca e numerosos alunos têm em suas casas. Ou se deseja antes que por decreto-lei se suprima a palavra.

PS – Este episódio lembra-me um outro que aconteceu quando andava na primária. Uma colega – bom, as escolas eram separadas «por sexo» (como se dizia na época), mas durante um maravilhoso mês tivemos aulas em conjunto porque a professora das meninas adoeceu – «acusou-me» à directora de ter pronunciado a palavra autoclismo. Na casa dela não havia.

PS2 – Já agora: o que procurámos todos nós nos nossos primeiros dicionários, meu deus, por palavras proibidas! Algumas das que não encontrávamos eram prontamente adicionadas a lápis, com aquela caligrafia redondinha que os professores nos ensinavam.

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