Apontamentos do Maio – 16
Neste Maio que se completa deixei por aqui algumas notas sobre esse outro Maio evocado. É provável que elas tenham projectado – foi essa, pelo menos, uma das intenções – uma certa recusa da perspectiva nostálgica e melancólica que a chamada periódica da data sempre comporta. Ainda assim, não terá sido possível evitar, neste meio e neste tempo que instigam a leitura apressada e oblíqua, a ideia de que se tratavam apenas de umas quantas efabulações de soixante-huitiard reincidente. Mas contra isso, batatas.
Reconheço, porém, a validade dessa outra nostalgia, positiva e construtora, da qual fala Svetlana Boym. Aquela que busca no passado um sopro, uma inspiração, um balanço para a interferência emocional do passado no presente. Uma capacidade exemplar, capaz, em circunstâncias completamente diversas, de invocar pelo exemplo o génio da mudança e da insubmissão. Ela fica por aqui, na companhia das canções de Dominique Grange, a soixante-huitiard (ela sim) assumida, acompanhadas do traço militante de Tardi, que a Casterman editou há pouco tempo. Chama-se o álbum 1968-2008… N’effacez Pas Nos Traces! «Não apaguem as nossas pegadas!» Pode lá haver melhor forma de fechar este balanço!?
Dominique Grange – Les Nouveaux Partisans
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