Emana uma beleza profunda de American V: A Hundred Highways, o álbum póstumo de Johnny Cash acabado de sair. Gravado à beira da morte do «homem de preto», e poucas semanas depois do desaparecimento da sua companheira June Carter, soa quase sempre desafinado, sem qualquer máscara, punjente, frágil como um sopro – mas um último sopro de vida – ao qual é impossível ficar indiferente. Porque Cash fala ali sobre o passado das estradas percorridas, dos quartos alugados, dos amores perdidos, da solidão: “I have been a rover, I have walked alone”. Mas sempre sem arrependimento.